Couve-Flor

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Alguns aspectos são fundamentais para obter sucesso na cultura da couve-flor das quais se podem destacar as seguintes: escolha correta da cultivar, época de plantio e boa condução da cultura desde a semeadura até a formação da planta.

A seguir serão discutidos os principais fatores que influenciam nas várias etapas de produção.

1. Escolha correta das cultivares e época de plantio
A cultura da couve-flor tem uma interação muito grande com o clima especialmente temperatura e o conhecimento dos processos que ocorrem na indução da formação da cabeça é fator fundamental na correta escolha da melhor época de plantio das diversas cultivares.
O processo de formação da cabeça ocorre quando há diferenciação do meristema apical (passagem da fase vegetativa para reprodutiva) devido ao acúmulo de horas de frio. Este acúmulo é diferenciado segundo cada grupo de cultivar, sendo as de verão menos exigentes e as de inverno mais exigentes em horas de frio.
Estudos indicam que esta passagem da fase vegetativa para reprodutiva pode ocorrer desde as fases iniciais da cultura, sendo os primeiros 40 dias críticos para determinação do número mínimo de folhas suficientes para formação de uma cabeça comercial, sendo o ideal na faixa de 15 a 20 folhas adultas.
É importante que se observem as condições climáticas de cada região, pois ocorrem grandes variações de um local para outro como também de ano para ano.

Ciclo
O ciclo se inicia com uma fase vegetativa. Dentro desta, está um período juvenil, onde o material não é sensível a estímulos, a duração desse período é função da cultivar. O diâmetro da haste pode indicar se já passou do período juvenil.
Passado esse período, a cultivar torna-se sensível ao estímulo, que é dado pela temperatura, levando-o à diferenciação e formação do meristema floral. A temperatura de indução é função do material. O que diferencia um material precoce de um tardio é a quantidade de frio necessária para formação da cabeça. Nesta fase (antes da diferenciação), se houver uma geada, não há problemas.
Após a indução, há o crescimento do meristema floral, influenciado pelas condições nutricionais e hídricas oferecidas à cultura. A temperatura, nesta fase, influi na qualidade da cabeça a ser formada. Se houver altas temperaturas nessa fase, o crescimento da cabeça fica prejudicado e se ocorrerem geadas pode ocorrer à queima das cabeças. O excesso de Nitrogênio nessa fase pode levar a formação de cabeças achatadas (planas) e não arredondadas como seria o ideal.
Vale lembrar que o tamanho da cabeça é diretamente proporcional ao tamanho da planta e ao ciclo.


Estímulo Crescimento 

Fase vegetativa → Meristema floral → Cabeça formada 

Período juvenil


2. Formação da muda
Uma muda de qualidade é fator fundamental para o sucesso da cultura. Nesta fase as plântulas são sensíveis a estresses diversos, como oscilações bruscas de temperatura, deficiências nutricionais, oscilações do nível de umidade e sanidade.
-Temperatura: Períodos longos de temperaturas baixas nesta fase podem induzir a formação precoce de cabeças ainda na fase de muda e/ou logo após o transplante.
-Nutrição: A cultura da couve-flor é muito exigente em alguns macro e micronutrientes como cálcio, boro e molibdênio, recomendando-se a sua suplementação via foliar desde a fase de muda. A deficiência de alguns destes elementos tem correlação direta com a má qualidade da cabeça.
-Irrigação: O correto manejo da irrigação é fundamental na obtenção de um equilíbrio da parte aérea e raiz. É importante adequar o tipo de bandeja evitando formação de torrões muito pequenos e/ou com poucas raízes deixando as mudas mais sensíveis às condições adversas no campo por ocasião do transplante.
-Sanidade das mudas: A obtenção de uma muda sadia tem reflexo direto no desenvolvimento da planta. Assim, recomenda-se tratamento fitossanitário preventivo desde a fase de muda dando-se especial atenção ao damping off (tombamento) e míldio.

3. Formação da planta
O tamanho das cabeças tem relação direta com a área foliar das plantas. Assim é importante um bom manejo de adubação, irrigação e controle fitossanitário adequados às necessidades da cultura.
A adubação química deve ser feita baseada na análise da fertilidade do solo. A couve-flor é particularmente exigente em N, K, B e Mo. As adubações de N e K devem ser equilibradas fornecendo-se estes elementos na proporção de N:K de 1:1,2-1,5.
A aplicação de Mo via adubação foliar na fase de formação de mudas é geralmente suficiente para suprir as necessidades da cultura. Lembramos ainda que solos ácidos diminuem a disponibilidade deste nutriente à planta.
Quanto ao B, além da adubação foliar na fase de formação de mudas, recomenda-se que se inclua o elemento na adubação básica de plantio e suplementação com mais 2 a 3 aplicações foliares após o transplantio das mudas para o campo.
O Ca merece atenção especial. Plantas deficientes em Ca formam cabeças pequenas, irregulares e de coloração mais escura. São várias as causas que podem provocar deficiências de Ca na couve-flor. Dentre elas:
-Falta de nutriente no solo, o que pode ser corrigido através de calagem antes do plantio da cultura.
-Má formação do sistema radicular das plantas devido à compactação e má drenagem do solo, o que pode ser corrigido através da incorporação da matéria orgânica por ocasião da adubação de plantio.
-Falta ou excesso de umidade do solo, pois o Ca é em boa parte absorvido pela planta com o fluxo de água.

4. Condições climáticas e distúrbios fisiológicos
É de fundamental importância os produtores terem informações que permitam uma correta análise das causas de determinados distúrbios que eventualmente possam ocorrer em suas lavouras possibilitando o manejo adequado da cultura.
Condições climáticas ideais (estações do ano bem definidas e estáveis) permitem ao produtor planejar sua produção utilizando cultivares mais adaptadas segundo cada época de plantio. Contudo, o que observamos na realidade são grandes oscilações climáticas ano a ano e até mesmo num mesmo ciclo de produção.
Essa situação de instabilidade climática traz maiores riscos podendo comprometer o sucesso da cultura.
Dentre os vários fatores climáticos que podem causar distúrbios fisiológicos destacamos as temperaturas extremas.
No quadro abaixo são apresentados os principais distúrbios observados em condições de estresses de temperatura.

Pode-se ainda mencionar outros como excesso de umidade do solo e baixa luminosidade prejudicando um bom desenvolvimento da planta, tendo como conseqüência produtos abaixo do padrão de qualidade de comercialização.