Alterações do Clima e sua Relação com as Hortaliças

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

As mudanças climáticas que ocorrem no mundo tem tido influência também no Brasil. Nosso país vem sofrendo aumento considerável de temperaturas trazendo problemas para a cadeia produtiva de hortaliças. Como exemplo disso temos os estados do Rio Grande do Sul e Espírito Santo, onde a temperatura chegou a 41º C.

Os problemas começam com os trabalhadores que necessitam suportar temperaturas muito elevadas e também proteger-se do Sol.

Também as plantas sofrem as conseqüências das mudanças climáticas como iremos discutir aqui.

A elevação da temperatura acima das médias do último século afeta a germinação das sementes, desregula o funcionamento das hortaliças acelerando seu ciclo, dificulta a translocação de nutrientes, aumenta a susceptibilidade a doenças e favorece o aumento das populações de insetos vetores de viroses.

A aceleração do ciclo é devida a maior respiração, resposta da planta às condições de stress. A planta tem produção diminuída no caso de frutos devido a ocorrência de abortamento de flores e frutos ou tendo sua qualidade reduzida quando tratamos de folhosas.

A translocação de nutrientes é afetada porque as plantas não conseguem absorver água pelas raízes na velocidade com que as folhas perdem água pela transpiração. A planta fecha os pequenos orifícios presentes nas folhas, os estômatos. Com os estômatos fechados para evitar a perda de água, a planta já apresenta folhas com aparência de murcha ou folhas enroladas. Neste ponto a translocação de água é muito reduzida e também não ocorre a subida de nutrientes pela seiva. Com baixa nutrição ocorre perda de qualidade e quantidade de frutos, como no caso do tomateiro, onde ocorre o conhecido “fundo preto”, uma deficiência aguda de cálcio. De maneira similar a alface apresenta queimadura nas pontas das folhas (chamada de “Tip Burn”), também causada pela deficiência de cálcio induzida pela má translocação desse nutriente.

Devemos lembrar que estas mudanças climáticas também trazem chuvas torrenciais que afetam a produção pelo fornecimento excessivo e rápido de água. As plantas neste caso param de transpirar porque a umidade do ar fica elevada, aliado ao fato da saturação do solo proporcionar a turgidez imediata dos tecidos condutores. Os estômatos mesmo abertos não perdem água e assim não translocam nutrientes. Pode também ocorrer nesta situação o problema do “fundo preto”.

O excesso de água também causa distúrbios nas frutas de tomateiros já capados e desbrotados. Muitas frutas podem rachar e serem perdidas com a absorção rápida de grandes volumes de água.

As temperaturas ótimas para a germinação das sementes de hortaliças variam de espécie para espécie, porém podemos generalizar que acima dos 30º C a germinação fica bastante prejudicada podendo impedir a emergência das plântulas. Com temperaturas atingindo 41º C é praticamente impossível que as sementes consigam gerar plantas.

Quando as plantas estão estressadas suas defesas naturais são afetadas, tornando as plantas mais sensíveis a doenças.

A elevação da temperatura também propicia o aumento da população de insetos (muitos deles vetores de doenças). Na região Sul do país já não temos uma estação fria definida (inverno), ocorrendo períodos com temperaturas amenas possibilitando o aumento de insetos prejudiciais aos cultivos.

As oscilações de temperatura também estão sendo prejudiciais quando ocorrem em uma situação inversa. Uma onda de frio intenso no mês de novembro, por exemplo, poderá induzir o florescimento precoce de couve-flor de verão, o que acarreta a perda da cultura.

A Agrocinco sugere as seguintes medidas para contornar as mudanças climáticas:

1- Utilize equipamentos de irrigação adequados. O gotejamento em tomateiro possibilita a irrigação diária da cultura com o fornecimento constante de pequenas doses de fertilizantes. Isto evita a murcha das plantas, a rachadura das frutas e diminui o fundo preto.

2- Consulte dados de meteorologia dos últimos anos na sua área. Isto o auxiliará a alterar a data de semeadura (se for o caso) evitando que os períodos críticos da cultura coincidam com os períodos mais quentes.

3- Use sementes de variedades e híbridos de qualidade.

4- Procure viveiristas especializados, onde sua muda será produzida sem o stress do calor e livre de pragas e doenças.

5- Conduza sua lavoura sob supervisão técnica.