Alguns Aspectos Fisiológicos do Tomateiro

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

FOTOSSÍNTESE (Fs) E LUZ
A reação luminosa da Fs é o resultado da absorção de luz (na forma de fótons) pela clorofila. Nem todos os fótons que chegam a atmosfera têm níveis de energia adequados para excitar estes pigmentos. Nos comprimentos de ondas de luz acima de 760 nm (próximos da faixa do infravermelho) os fótons não têm energia suficiente, não produzindo qualquer excitação no pigmento e, naqueles abaixo de 390 nm (próximos da faixa do ultravioleta), os fótons têm tanta energia que causam ionização e degradação do referido pigmento. Nestes dois casos os fótons são ineficientes para a reação de Fs. Somente os fótons próprios de comprimentos de ondas entre 390 e 760 nm têm níveis de energia eficientes para a Fs. Sendo a excitação do pigmento o resultado direto da interação entre fótons e pigmentos, a medição da luz usada na Fs é baseada na densidade do fluxo de fótons que atinge uma dada superfície num determinado tempo, grandeza denominada Fluxo de Fótons Fotossintético (PPFD).
A medida em que ocorre aumento na intensidade luminosa, portanto, a medida em que há aumento do PPFD, há aumento na taxa de Fs.

FOTOSSÍNTESE E CO2
A planta absorve o CO2 sob a influência da luz e em combinação com a água, transforma-o em açúcar. A concentração de CO2 na atmosfera está na faixa de 340 a 360 ppm. Concentrações deste gás nos níveis abaixo desta faixa provoca redução da Fs, e, acima, resulta em pouco benefício, podendo até mesmo, se muito elevadas, causar danos à planta (plantas mostrando sinais de “sufocamento”).

FOTOSSÍNTESE E TEMPERATURA
A temperatura influencia tanto a velocidade de formação dos fotoassimilados (velocidade da Fs) quanto o seu consumo (quebra de açúcares pela respiração). A diferença entre a taxa de Fs (produção de açúcares) e a respiração (consumo de açúcares), denominada Fs líquida, indica a quantidade de fotoassimilado disponível para o desenvolvimento da planta. Temperaturas abaixo de 5º C praticamente paralisam a Fs e reduzem a respiração. Em temperaturas acima de 5º C verifica-se aumento da taxa de Fs que se apresenta sempre crescente até atingir 18-20º C, seu ponto ótimo de aumento. Ocorre, paralelamente, aumento da respiração até próximo a 35º C. Acima de 35° C, tanto a Fs quanto a respiração começam a decrescer e, ultrapassando 45° C, Fs e respiração tendem para valores extremamente pequenos. Sob a influência da temperatura, portanto, os açúcares produzidos pela Fs são divididos entre a respiração e a produção de células (desenvolvimento da planta e da produção propriamente).

LUZ
O tomateiro é uma planta insensível ao fotoperíodo, embora seja exigente em luz. Limitação de luz reduz a Fs líquida, implicando em mais competição pelos fotoassimilados, prejudicando o desenvolvimento da planta e a sua produção. Por isso a densidade de plantio, o sistema de poda e o tutoramento devem otimizar a interceptação da radiação luminosa para a cultura, especialmente nos cultivos sob estufa durante as estações outono/inverno.

TEMPERATURA
O tomateiro é uma planta termoperiódica, desenvolvendo-se melhor sob condições de temperaturas variadas (dia/noite) do que sob condições de temperaturas constantes. O desejável é que se dispusesse de condições tais que as diferenças térmicas dia/noite ficassem em torno de 6 a 7º C. Vimos como a temperatura influencia a distribuição dos fotoassimilados. Podemos detalhar mais sobre esse fator, considerando suas influências nas diversas fases da cultura. Durante a fase de crescimento vegetativo, portanto antes das fases de florescimento e de frutificação, temperaturas altas, 25 a 35° C, favorecem o crescimento foliar e temperaturas baixas, igual ou inferiores a 15° C, inibem esse desenvolvimento. Na fase de florescimento, temperaturas altas, igual ou maiores a 35° C, provocam queda de flores, diminuindo o número de frutos por penca. Nesta fase, considera-se ótima uma temperatura diurna em torno de 25º C.
Em resumo, observações da pesquisa e de campo nos permitem considerar que a planta do tomateiro apresenta desenvolvimento adequado (crescimento, florescimento e frutificação) em temperaturas diurnas na faixa de 20-30° C e que temperaturas inferiores a 10º C prejudicam a fecundação, favorecendo a produção de frutos partenocárpicos, com poucas ou nenhuma sementes, deformados, sem valor comercial e, ainda, retardam o desenvolvimento das plantas, alongando seu ciclo. Destas observações pode-se concluir, também, que temperaturas ótimas para a cultura do tomateiro estão em estreita relação com a taxa de radiação luminosa, de tal maneira que para maiores quantidades de luz, maiores serão os ótimos de temperaturas diurnas, naturalmente considerando-se a faixa de temperaturas acima citadas.
Temperaturas do solo inferiores a 12º C afetam negativamente o desenvolvimento radicular, comprometendo por isso, o desenvolvimento geral da planta. Há pesquisadores que fixam este limite mínimo entre 13 e 15º C. Os limites máximos de temperatura do solo situam-se em torno de 30-35° C, com seus ótimos variando conforme a fase da cultura: durante as primeiras semanas de crescimento, temperaturas de 25-30° C e, durante o restante do ciclo, temperaturas de 20-25° C.

UMIDADE RELATIVA DO AR (U.R)
Para a cultura do tomateiro são desejáveis U. R. inferiores a 90%, pois valores maiores favorecem o desenvolvimento de enfermidades fúngicas e bacterianas. São considerados como ótimos os valores da ordem de 70-80 %. Em condições de U.R. baixas, cresce a taxa de transpiração das plantas, o que pode acarretar, especialmente na fase de frutificação, quando é menor a atividade do sistema radicular, ocorrência de déficit hídrico, menor abertura dos estômatos e conseqüente redução da Fs (menor nível de CO2 no interior da planta). Valores altos de U.R., especialmente se associados à limitação de luz, reduzem a viabilidade do pólen, favorecendo a formação de frutos partenocárpicos.